Dois
mandados de prisão foram cumpridos contra um ex-gerente da Petrobras e
ex-banqueiro. Também foi cumprido um mandado de prisão coercitiva contra o
empresário Álvaro Gualberto Teixeira de Mello.
Polícia Federal
está nas ruas do Rio cumprindo mandados na 41ª fase da Operação Lava-Jato na
manhã desta sexta (26). A ação, que foi batizada como Poço Seco, também é
realizada no Distrito Federal e em São Paulo. No Rio, os agentes cumprem os mandados
em três endereços da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e um em São Conrado, na
Zona Sul. Segundo a PF, dois mandados de prisão foram cumpridos no Rio contra
um ex-gerente da Petrobras e ex-banqueiro. Os nomes dos presos ainda não foram
divulgados.
Segundo as investigações o ex-gerente da área internacional da empresa
e o ex-banqueiro são suspeitos de terem recebido mais de US$ 5,5 milhões (cerca
de R$ 18 milhões) em propinas da empresa Companie Beninoise des Hydrocarbures
SARL (CBH). Eles e outras cinco pessoas, relacionadas a um total de cinco
contas mantidas na Suíça e nos Estados Unidos, são suspeitos de terem recebido
pagamentos ilícitos, entre 2011 e 2014, que totalizaram mais de US$ 7 milhões (
cerca de R$ 23 milhões). Os fatos podem configurar os crimes de corrupção,
lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Ao todo, foram expedidos 13 mandados judiciais, sendo oito de busca e
apreensão, um de prisão preventiva, um de prisão temporária e três mandados de
condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
A empresa CBH pertente ao empresário português Idalecio Oliveira e foi
responsável pela venda de um campo seco de petróleo em Benin, na África, para a
Petrobras, em 2011. Os pagamentos de propina, feitos para efetivar a venda,
foram intermediados pelo lobista João Augusto Rezende Henriques, operador do
PMDB no esquema da Petrobras. João Augusto está preso desde setembro de 2015 na
operação Lava Jato e foi condenado a sete anos de prisão por corrupção e
lavagem de dinheiro, em decorrência dos mesmos fatos, em outro processo.
Naquele processo, foram condenados também o ex-presidente da Câmara dos
Deputados Eduardo Cunha e o ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada.
A operação
também tem relação com os lobistas ligados ao PMDB Jorge Luz e Bruno Luz, pai e
filho que operavam para o partido dentro da Petrobras e que já estão presos no
Complexo Médico-Penal, na Região de Curitiba. Eles foram presos durante a 38ª
fase da Lava Jato.
Fernanda Luz, filha de Jorge Luz, e o empresário Álvaro Gualberto
Teixeira de Mello são alvos de condução coercitiva. Fernanda não foi encontrada
em casa e Álvaro foi levado pelos agentes para a sede da PF por volta das 8h.
A ação investiga
complexas operações financeiras realizadas a partir da aquisição pela Petrobras
de direitos de exploração de petróleo em Benin/África, com o objetivo de
disponibilizar recursos para o pagamento de vantagens indevidas a ex-gerente da
área de negócios internacionais da empresa.
O nome da fase (Poço Seco) é uma referência aos resultados negativos do
investimento realizado pela Petrobras na aquisição de direitos de exploração de
poços de petróleo em Benin.
Os investigados devem responder pela prática dos crimes de corrupção,
fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro dentre outros.
Início da
investigação
A investigação começou em agosto de 2015, a partir da
cooperação internacional com a Suíça. Documentos comprovaram o pagamento de
subornos num total de US$ 10 milhões (cerca de R$ 36 milhões) para concretizar
a aquisição pela Petrobras de campo de petróleo em Benin por US$ 34,5 milhões.
No entanto, as investigações demonstram que quase um terço do valor do negócio
foi pago em propinas.
Em 3 de maio de 2011, o valor da transação (US$ 34,5 milhões) foi
transferido para a empresa CBH. Na mesma data, US$ 31 milhões seguiram da CBH
para a Lusitania Petroleum LTD, uma holding de propriedade de Idalecio de
Oliveira que controla, entre outras empresas, a própria CBH.
Dois dias depois, a Lusitania depositou, em favor da offshore Acona, de
propriedade de João Augusto Rezende Henriques, US$ 10 milhões. Para dar
aparência legítima para a transferência da propina, foi celebrado um contrato
de comissionamento entre a Acona e a Lusitania.
Fonte: G1RJ
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