Em meio a uma epidemia de arboviroses, a encefalite viral, uma inflamação no cérebro causada por vírus e que afeta principalmente crianças pequenas, idosos ou pessoas imunodeprimidas, passa a ser uma preocupação para os profissionais da saúde do Rio Grande do Norte. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira (09) pela Secretaria do Estado Sapude Pública (Sesap), 90,42% dos municípios do Estado apresentam índice de infestação para alerta arboviroses classificado como de alerta ou de risco. Com o aumento do risco de arboviroses cresce, consequentemente, o risco de encefalite viral, que pode se manifestar ou não naqueles que forem infectados pelos vírus.
André Prudente diz que a inflamação no sistema nervoso central pode ser causada por qualquer vírus
Nos últimos dias, alguns casos de óbito com suspeita de encefalite reacenderam as discussões sobre a questão. Em Natal, há um óbito de bebê por suspeita de encefalite viral está sendo investigada, o que deve ser confirmado ou não nos próximos dias com a conclusão da autópsia. Além desse caso, há outros que estão sob suspeita nos hospitais. A encefalite viral se trata de uma inflamação no sistema nervoso central. Ela pode ser causada por qualquer vírus da dendengue, Zika ou Chikungunya.
O mais comum, no entanto, de acordo com o médico infectologista André Prudente, é que ela apareça através do vírus da Herpes. "A encefalite viral pode ser causada por qualquer vírus, o tratamento costuma ser principalmente de suporte, como fazemos com a dengue, com hidratação e acompanhamento do quadro do paciente", explica o médico.
Os sintomas de encefalite são, principalmente, a febre, dores de cabeça fortes e o rebaixamento do nível de consciência. Em adultos, são coisas mais fáceis de ser identificadas mas, principalmente para bebês, ela pode apresentar um risco pela sua dificuldade de detecção. Apesar de não ser a regra, a encefalite pode deixar sequelas motoras, na fala e na parte cognitiva daqueles que tiverem em um estado mais avançado. "Essa, no entanto, não é a regra. Não tem como dizer que todas as pessoas que tiveram dengue terão encefalite, porque é algo que pode se manifestar ou não em alguém. Assim como gravidade dessa própria encefalite não pode ser prevista", explica o infectologista.
De acordo com o Boletim da Sesap, desde o início de 2018 foram notificados 12.415 caos suspeitos de dengue no Rio Grande do Norte. Desses, 4.092 casos suspeitos, 879 (17,28%) foram confirmados. Em relação a Chikungunya, foram notificados 1.217 casos suspeitos, dos quais 98 foram confirmados. O número é inferior ao do ano passado, quando foram cotificados 1.035 casos suspeitos, com 349 confirmações. Já a Zika teve 250 casos notificados como suspeitos, dos quais 24 foram confirmados este ano no Estado.
"A recomendação que podemos dar para as pessoas não é em relação a prevenção às doenças transmitidas pelo Aedes aegpti. Não deixando água parada, principalmente nesse período de chuvas, é o principal conselho para evitar a propagação do mosquitoe, consequentemente, do vírus", afirama André Prudente.
De acordo com a própria Sesap, os óbitos notificados por dengue, zika, chikungunya são na sua maioria evitáveis, tornando-se um indiciador sensível da qualidade da assistência. Nos anos e 2016, 2017 e 2018, foram notificados 208, 24 e 12 óbitos, respectivamente, causados pelas doenças. Isso represntou uma redução de 50% das notificações de mortes quando comparamos os anos de 2017 e 2018. Dos 12 óbitos notificados por arboviroses neste ano, apenas 1 por dengue foi confirmado. Os demais se encontram em processo de investigação. As secretarias de Saúde de Natal e do Estado não informaram dados específicos sobre encefalite viral.
Fonte: Tribuna do Norte
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