O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) registrou crescimento 210% no número de atendimento de pessoas vítimas de acidente envolvendo motocicletas entre 2005 e 2015, segundo relatório apresentado ontem (20) pela maior unidade hospitalar do Rio Grande do Norte.
As vítimas em colisões de motos representam 87% de todas as ocorrências de trânsito atendidas pelo Walfredo Gurgel. Foram 10.411 boletins registrados em 2015. Enquanto que em 2005, a planilha de atendimentos somou 3.348 acidentados.
O número mostra um impressionante aumento em apenas uma década. A média diária de registrou triplicou. Em 2005, por exemplo, foram 9,3 atendimentos diários. Já em 2015, a taxa foi de 29 boletins médicos. Desta forma, o Walfredo Gurgel já recebe um novo paciente vítima de acidente de moto por hora.
Para efeito de comparação, a média diária de pacientes internados por acidentes em veículos de duas motos foi maior, inclusive, que as notificações diárias da dengue em Natal. A média foi de 21 casos notificados da doença por dia na capital potiguar.
Até dezembro de 2015, somando todos os acidentes envolvendo outros tipos de veículo, o hospital registrou 11.902 casos. Em comparação entre 2014 e 2015, o aumento nos casos de acidentados atendidos foi de 35%.
Segundo o médico Ariano Oliveira, cirurgião geral do Walfredo Gurgel há 16 anos, os custos com vítimas de acidentes de moto vão muito além da internação hospitalar e dos cuidados médicos. “Os acidentes estão deixando pessoas com sequelas e até mesmo inválidas. Em sua grande maioria, os acidentados estão na faixa etária dos 16 aos 45 anos, no ápice de sua idade produtiva”, afirma. Ele ainda diz que nos casos de invalidez, ainda há custos previdenciários e familiares que devem ser levados em conta.
“A pessoa sai do mercado de trabalho e é condenado a ficar em cima de uma cama, gerando aumento de receita para o governo, por exemplo, além de totalmente dependente para fazer necessidades básicas como tomar um banho”, alerta.
Pacientes internados no Walfredo Gurgel comprovam expressivo número de acidentados pilotando motocicletas. Ocupando um leito de enfermaria no quarto pavimento do hospital, Francisco Ideilson, 26 anos, conduz motos desde os 15. De lá para cá, já levou três tombos, segundo ele, mas nenhum tinha sido tão grave. Francisco teve fratura de tíbia e aguarda há 11 dias para ser transferido e realizar o procedimento eletivo em uma unidade de saúde conveniada.
O jovem contou que pilotava em uma estrada de barro, quando foi surpreendido por um carro e colidiu. No momento do acidente não usava capacete. A moto teve perda total. “Volto a pilotar se Deus quiser”, diz.
Já Ronaldo Ramalho, 24 anos, teve fratura exposta de falange no pé direito e quebrou de pulso. Ele está há 21 dias internado tratando dos ferimentos. Ronaldo também afirma que não larga a moto. Pilotando motocicletas desde 2011, ele relata que trafegava pela ponte de Igapó, que transpõe ao Rio Potengi, quando precisou fazer brecar bruscamente. Ele perdeu o controle do veículo e caiu. “Não tenho outro meio de transporte. Vou continuar a pilotar”, diz.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2003 e 2013, a taxa de mortalidade de trânsito no Brasil subiu de 18,7 para cada 100 mil habitantes para 23,4. Em 2012, foram 47 mil mortes no trânsito. Ainda segundo a Organização, dados de 2010 colocam o Brasil como o 33º pais com o trânsito mais perigoso do mundo e o 5º da América Latina. No ranking de 2013, o país é o 56º do planeta e o 3º das Américas, atrás apenas de República Dominicana e Belize.
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