Em quais regiões estão os vírus? Quais mosquitos causam
os surtos nas cidades? Quais doenças têm vacina pelo SUS? G1 responde as
principais perguntas sobre o assunto.
O mosquito Aedes aegypti começou a assustar os brasileiros com
a transmissão da dengue. Depois, o país acompanhou o surgimento de uma nova
doença desconhecida: a zika.
Esse novo vírus passou a ser o principal medo das
grávidas e alvo de pesquisas por todo o mundo.
E, agora, os mosquitos Haemagogus e Sabethes transmitem a febre amarela em Minas
Gerais, um novo surto que ocorre após 10 anos - o último aumento do número de
casos ocorreu em 2007.
O G1 ouviu especialistas - infectologistas,
biólogos, pediatras - para tentar entender as diferenças de todas essas doenças
e onde elas estão agindo com mais força pelo país.
1 - Por que o Brasil está
sendo afetado por essas doenças?
Há um ambiente favorável para a reprodução
dos mosquitos transmissores, tanto o Aedes aegypti,
quanto os mosquitos selvagens da febre amarela, o Haemagogus ou Sabethes. “Não
conseguimos controlar a população de mosquitos. É preciso descobrir uma maneira
mais objetiva de combatê-los”, explica Juvêncio José Duailibi Furtado,
coordenador científico da Sociedade Paulista de Infectologia.
Os médicos concordam que são vários fatores
que propiciam o ambiente favorável. Para Gúbio Soares, pesquisador da
Universidade Federal da Bahia (UFBA), o processo de "favelização” das
cidades contribui para o cenário. “As pessoas não têm moradia digna, não têm
rede de esgoto, não têm água encanada, e armazenam água em tonéis e baldes”,
explicou.
Além disso, o clima quente e úmido das
cidades brasileiras durante o verão é o preferido entre os mosquitos
transmissores. E é por isso que a quantidade de casos das doenças diminui
durante o inverno.
2 - Quais são as regiões mais
afetadas?
(Foto:
Arte/G1)
3 - Como é a transmissão das
doenças?
Entenda
o ciclo de transmissão da zika, chikungunya e dengue
A zika, a chikungunya e a dengue são
transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. No
caso da zika, a transmissão também ocorre de mãe para filho durante a gravidez
e por via sexual. A dengue e a febre amarela são passadas apenas por meio dos
mosquitos. No caso da chikungunya, possíveis outras formas de transmissão ainda
são investigadas.
Entenda
o ciclo de transmissão da febre amarela silvestre
A febre amarela também é transmitida pelo
mosquito Aedes nas cidades, mas desde 1942 não há um caso
fora das zonas silvestres e de mata do Brasil. Nessas regiões, a transmissão
ocorre por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus ou Sabethes. A questão agora é se o vírus vai alcançar
centros urbanos ou se permanecerá restrito ao campo.
4 - Quais são os sintomas?
(Foto:
Arte/G1)
(Foto:
Arte/G1)
5 - Como se proteger?
Para evitar a proliferação dos mosquitos, é
importante não deixar água parada. Para evitar as picadas, é possível colocar
redes nas janelas, vestir roupas com mangas compridas nas áreas de risco e usar
repelente. Isso vale para todas as doenças.
6 - Quais doenças têm vacina?
O Brasil oferece a vacina para a febre
amarela pelo Sistema Único de Saúde (veja abaixo quem deve se
vacinar). A vacina de zika está sendo pesquisada por laboratórios de
diferentes países, mas ainda está em fase de testes. A dengue já tem uma vacina aprovada, mas vendida
apenas na rede privada - o estado do Paraná foi o único a disponibilizar
gratuitamente para a população.
Vacina
contra febre amarela disponível no SUS (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
7 - Qual doença deve ter mais
casos em 2017?
A previsão é difícil de ser feita. Mas, de
acordo com os especialistas e com o Ministério da Saúde, os casos de
chikungunya devem crescer e os de zika devem se estabilizar.
8 - Qual o papel do macaco na
transmissão da febre amarela?
A morte de macacos é o primeiro sinal de
alerta de que a febre amarela voltou a circular com maior intensidade em uma
região. "Em Minas Gerais, temos o vírus cirulando em nossas matas, e em
algum momento há uma replicação maior. O aparecimento dos macacos infectados é
um sinal disso", explica Jandira Campos Lemos, presidente da regional de
Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Segundo o biólogo Horácio Teles, do Conselho
Regional de Biologia, o vírus circula naturalmente entre macacos o tempo todo.
Mas, em determinados momentos, predomina uma população de macacos que já é
resistente ao vírus. Em outros momentos, novas gerações de macacos que ainda
não tiveram contato com o vírus tornam-se mais vulneráveis e o vírus volta a
fazer vítimas nas matas.
Casos de macacos encontrados mortos são
investigados no Espírito Santo, no interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais e Distrito Federal.
Ossadas
de vários macacos foram encontradas no Norte de Minas (Foto: Pablo Caires/Inter
TV)
9 - A febre amarela vai
chegar às grandes cidades?
Este é o maior temor em relação à febre
amarela. Para o biólogo Horácio Teles, do Conselho Regional de Biologia, o
risco é muito grande. “Com o desmatamento, as pessoas estão indo para cada vez
mais perto da mata. Se uma pessoa for infectada na região silvestre, for para a
cidade e for picada pelo Aedes aegypti,
começa o ciclo de transmissão urbana”.
No entanto, a existência de uma vacina deve
impedir que a febre amarela se torne uma epidemia tão grave quanto a de dengue.
“Quando os primeiros casos ocorrem em uma cidade, é possível fazer uma
vacinação de bloqueio e conter a doença”, diz o infectologista Juvêncio José
Duailibi Furtado, coordenador científico da Sociedade Paulista de Infectologia.
Entenda
a diferença entre febre amarela selvagem e urbana, e saiba quem precisa se
vacinar
10 - Quem deve se vacinar
contra a febre amarela?
Até agora, o Ministério da Saúde recomenda
que apenas pessoas que morem nas áreas de risco (próximas à mata e zona rural)
ou que viagem para estas regiões é procurem os centros de saúde para vacinação.
Em situações de emergência, a vacina pode ser administrada já a partir dos 6
meses de idade. O indicado, no entanto, é que bebês de 9 meses sejam vacinados
pela primeira vez. Depois, recebam um segundo reforço aos 4 anos de idade. A
vacina tem 95% de eficiência e demora cerca de 10 dias para garantir a
imunização já após a primeira aplicação.
Pessoas com mais de 5 anos de idade devem se vacinar e receber a segunda dose após 10 anos.
Idosos precisam ir ao médico para avaliar os riscos de receber a imunização.
Pela possibilidade de causar reações, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não recomenda a vacina para
pessoas com doenças como lúpus, câncer e HIV, devido à baixa imunidade, nem
para quem tem mais de 60 anos, grávidas e alérgicos a gelatina e ovo.
Fonte: G1